Amamentação protege contra o câncer de mama, mas não 'blinda'

 É preciso prestar atenção na mudança no leite e nos seios. 



Ninguém duvida dos benefícios do aleitamento materno para a saúde do bebê, mas amamentar pode oferecer vantagens às mães que vão muito além de um maior vínculo com o filho. A prática pode ser uma aliada para se prevenir o câncer de mama, que, este ano, deve atingir cerca de 66 mil mulheres no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que o risco de contrair a doença, a neoplasia que mais mata mulheres no país, diminui 4,3% a cada 12 meses de duração do aleitamento. "Alguns processos que acontecem durante a amamentação levam à morte de células que poderiam se tornar malignas, diminuindo, desta forma, as chances de tumores nas mamas. Além disso, as taxas de determinados hormônios que favorecem o surgimento desse tipo de câncer também caem", explica a pediatra Patrícia Rezende, do Grupo Prontobaby.

Durante o Outubro Rosa, mês da campanha para conscientização sobre o câncer de mama, a médica diz que é importante alertar as mães sobre eventuais mudanças nos seios e no leite durante o período de amamentação. Isso porque o aleitamento, embora seja uma proteção, não "blinda" completamente as mulheres contra a doença. "O câncer pode surgir, ainda que raramente. É comum que dutos de leite entupidos endureçam a região dos seios, mas é preciso um acompanhamento médico para ver se não se trata de um nódulo. As mulheres devem ficar também atentas a caroços, pequenas ondulações na pele, vermelhidão, alterações na cor do leite", diz a médica.

Caso haja alguma alteração, a mulher pode fazer mamografia durante a amamentação? Se o diagnóstico for confirmado, ela pode continuar oferecendo o seio ao bebê? A mulher que já teve câncer de mama pode amamentar? As dúvidas sobre o tema são muitas. Para esclarecer, a pediatra respondeu a algumas das principais questões sobre o assunto.

É possível fazer a mamografia durante a fase e amamentação?

Sim, mas o diagnóstico pode ser mais difícil e talvez sejam necessários exames adicionais. Por isso, é importante verificar com o médico se o exame deve ser feito nesse momento, principalmente se o desmame estiver programado para logo depois.

A mulher pode desenvolver câncer de mama durante a  amamentação ou logo após parar o aleitamento? 

Sim, a mulher pode desenvolver câncer de mama mesmo amamentando ou logo após ter parado, já que a prática protege, mas não a torna imune ao câncer de mama, É importante que, durante essa fase, as mulheres não confundam um duto de leite entupido com um tumor. Caso sintam algum nódulo endurecido, devem procurar o médico.

Uma mulher que já teve câncer de mama pode amamentar?

Cada caso deve ser analisado individualmente. Se a mulher, por exemplo, teve que retirar a glândula da mama, não vai ter as células que produzem o leite e, por isso, não poderá amamentar. O diagnóstico de câncer de mama não é uma proibição para uma amamentação futura, mas cada caso deve ser avaliado junto ao médico.

Alteração no cheiro e coloração do leite materno podem significar alguma doença?

Algumas vezes, sim. No entanto, no início da amamentação, é comum sair um leite de coloração um pouco amarronzada ou acobreada, e isso é normal. A melhor coisa a se fazer é passar para o seu médico toda a alteração que houver, para que ele possa avaliar se é alguma mudança patológica ou não.

Como posso estimular minha produção de leite se já tive câncer de mama?

A ideia é pensar em estimular com maior intensidade a mama preservada. Você pode pensar em oferecê-la ao bebê com maior frequência após o nascimento e, desde o princípio, aumentar a intensidade do estímulo, fazendo ordenhas manuais ou com bomba elétrica após cada mamada

É arriscado amamentar após o câncer de mama?

Os estudos já comprovaram que a amamentação após a remissão da doença não aumenta os riscos de reincidência.

É possível amamentar durante o tratamento contra o câncer de mama? E logo depois?

Durante o tratamento, não. Logo após o término, vai depender do que foi feito e da duração do tratamento. Cada caso tem que ser analisado individualmente.

A mulher que fez implante de silicone terá mais dificuldade para receber o diagnóstico de câncer de mama? E para amamentar?

Mesmo cirurgias pouco invasivas podem alterar amamentação. A prótese pode sim dificultar o diagnóstico do câncer de mama e o aleitamento. A maior parte das técnicas atuais não lesiona as glândulas, porém, pode haver, no corte do mamilo, alteração na enervação que leva à dificuldade de amamentação.

Jamilly LIma

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem vindos. Só respeite o próximo!